di Edmond Lino Cabral D’Oliveira Robalo
Lei, moral, ética…para que servem tais palavras se ao longo dos séculos o ser humano só as tem usado para beneficio próprio? O homem usa e abusa dos recursos naturais sem pensar nos desgastes que estes produzem em si próprios em particular, e a todo o meio ambiente em geral, fustigando também as outras espécies de vida que fazem parte do nosso redondo e azul planeta.
Num período em que, um pouco por todo o mundo, se multiplicam os debates sobre a qualidade do nosso meio ambiente e as precauções a tomar para a sua preservação.
Não deixa de ser pertinente referirmos e condenar a captura desmesurada das espécies marinhas e neste caso do Atum-rabilho (Thunnus Thynnus) por parte dos países que decretam. Países que devido ao seu poder económico se acham com mais moral para decidir o que é mais viável para a preservação das espécies. Não serão esses mesmos países que mais contribuem para o desequilíbrio normal das espécies? Não serão as “suas leis e morais” ditadas em prol dum bem-estar próprio? Qual é o voto dos países menos favorecidos economicamente que por assim serem, quase que são obrigados a acatar tais resoluções. Devemo-nos calar ou manifestar contra tais imposições?
Tudo questões pertinentes a partir das quais lanço um repto aos leitores no sentido de se reinventarem, de criarem um debate introspectivo sobre o que queremos e/ou o que será o nosso mundo Global daqui a uns tempos. Sobre o que acontecerá as futuras gerações se tais práticas se mantiverem.
Mas deixando para trás moralidades (não as esquecendo) importa informar aos leitores sobre a espécie a que me refiro.
O Atum-Rabilho é um peixe grande (os maiores espécimes medem mais de 3 m e pesam mais de 650 kg) que nadam muito depressa (chega a atingir 20-30 km/h). Graças ao seu sangue quente, podem nadar e caçar em águas muito frias. vivem sobretudo em águas intermédias, entre a superfície do mar e os 500 e 1000 metros de profundidade, pelo que é considerado um peixe “pelágico”.
É também uma espécie de vida longa (20 a 40 anos), que atinge a maturidade relativamente tarde e que também é conhecida por migrar a longas distâncias. Estudos revelam que existem duas unidades populacionais principais de Atum-rabilho, uma no Atlântico e outra no Mediterrâneo – uma unidade populacional ocidental com as suas zonas de reprodução no Golfo do México e uma unidade populacional oriental cuja desova ocorre no Mediterrâneo.
Sendo uma espécie considerada pertencente ao grupo dos grandes migradores alguns países viram-se obrigados a criar uma cooperação internacional para assegurar uma gestação adequada das unidades populacionais. Cooperação sob a égide da União europeia, e que se dá pelo nome de Comissão internacional para a conservação dos tunídeos do Atlântico (ICCAT). O ICCAT está encarregue de gerir tanto a espécie ocidental como a oriental delegando a parte cientifica ao comité permanente de investigação e estatísticas (SCRS) que faz as avaliações nas quais se baseiam a sua gestão. Mas estará esta espécie ameaçada como montes que por este mundo fora existem incluindo o próprio ser humano? Serão estes organismos suficientemente credíveis? Serão eles capazes de tais tarefas?